Embora tenhamos inicialmente pensado em entrevistar apenas uma pessoa de cada estado brasileiro, sabemos que para toda regra, sempre há uma exceção. E, ao lerem a entrevista que se segue, vocês entenderão o porquê desta regra ter sido quebrada.
Trazemos, para vocês, mais um representante do estado de São Paulo: Sabones.
Trazemos, para vocês, mais um representante do estado de São Paulo: Sabones.
Qual o seu nome e sua idade ?
Thiago Arouca, 33 anos.
Com qual versão do PES você começou a jogar ?
Jogo futebol virtual, desde quando me deparei com Goal do NES 8 Bits, e cheguei a jogar o Konami Soccer (primeiro game da Konami de futebol, também no NES), então posso dizer que comecei ali.
Desde que versão do PES você joga em nível competitivo ?
Desde o Winning Eleven 8, porém o auge mesmo foi no PES 2006.
A cada versão do PES, notamos mudanças drásticas na jogabilidade, a adaptação geralmente é demorada ?
A Konami, historicamente, consegue inovações interessantes a cada versão, porém consegue, também, a proeza de mexer no que estava bom eventualmente, e deixar pior, algo que não precisava ser mexido, dá dois passos pra frente, um pra trás, na média. A adaptação, então, ocorre em cima dessas mudanças, que vem com o tempo de jogo, contra adversários que te forçam mais. Atualmente, pra mim, demora um pouco mais que antigamente por essa questão de horas de jogo e quantificar isso, não é muito lógico.
Foi uma inovação interessante do PES 2012 um time passar a ter 4 táticas possíveis? Ou na prática os ajustes táticos acontecem muito mais durante as partidas?
Na Copa de 1998, na França, a Argentina foi muito exaltada, por conseguir mudar de esquema durante a partida onde fazia 3 zagueiros em um 3-5-2, ou passava a atuar em um 4-4-2 ou 4-3-3 sem perder qualidade. Coincidentemente ou não, no WE 4, em 1999, foi onde surgiu a funcionalidade de poder usar 3 esquemas durante a partida. Desde então, a Konami vem tentando melhorar isso e no PES 2012 eles deram um passo a frente nesse quesito. Quanto aos ajustes durante a partida, são necessários também e bem dinâmicos desde o PES 2011, uma prova de evolução na mentalidade tática da franquia.
Alguns jogadores quando saem na frente do placar, alternam para uma tática mais defensiva, com a intenção de dificultar a "virada" do adversário, isso é algo frequente entre os pro players ?
O estilo de jogo de cada um, quanto mais peculiar e individual, independente de se jogar ofensivamente ou defensivamente, é o fator que dita o ritmo da partida. O discernimento do pro player em questão é o que mais conta nesse momento; ele saber defender na hora de defender e atacar na hora de atacar. Não vejo como um padrão, esse conceito, na maioria dos jogadores que disputam os campeonatos e sim, esse discernimento de saber a hora certa de aplicar cada tática.
No PES 2012, a IA do jogo já é boa o suficiente para o jogador confiar em jogar com laterais sem comprometer o setor defensivo ?
Sim e depende muito da “setagem” utilizada nas táticas. Quem joga com laterais e força ataque pelo meio, de intensidade média a aguda, por exemplo, vai presenciar, eventualmente, laterais entrando por dentro, e cortando passes direcionados aos pontas, ou meias laterais que se projetam a frente. Quando se ataca pelos lados, os laterais tendem a subir, assim a cobertura fica pra volantes com o card “anchor man” e zagueiros. Essa IA da Konami está muito boa desde o PES 2010. Porém, se você escalar zagueiros ali, eles serão exatamente zagueiros no setor, fica a critério do player o que ele pretende taticamente.
Como se chega à tática ideal ? É na base da tentativa e erro ?
Com certeza sim, mas depende muito do posicionamento do time adversário também. O sistema de one touch da Konami que surgiu no PES 2011 é muito útil nesse caso, pois possibilita de forma dinâmica ajustes no meio da partida.
A cada nova versão, uma nova tática se mostra mais eficiente ou no fim das contas o princípio tático é sempre o mesmo ?
Vou tomar como o exemplo prático, a escola tática do Barcelona e da Holanda, nesse caso. Depois do Cruyff passar por lá, em meados da década de 70, consolidou-se uma formação baseada em 3 atacantes clássicos, com pontas abertos, e um centro avante de ofício. Tática, como falei, é sempre baseada e moldada durante a partida, porém o conceito sempre permanece. O Barcelona de hoje é a prova disso, a partir de um 4-3-3, conseguiu uma formação que se adapta durante as partidas, onde se prioriza a posse de bola e se ataca sem deixar lacunas para o contra-ataque adversário. Sendo assim, por mais que mudemos o desenho tático, vamos sempre posicionar os jogadores da forma onde nos familiarizemos com as jogadas que gostamos e consideramos eficientes. A cada versão, sempre aparece uma possibilidade a mais, e as táticas vão evoluindo em cima disso.
Existe uma forma ideal de marcar ? O estilo de marcação será diferente se você tiver conhecimento prévio do seu adversário e já souber, por exemplo, que ele joga mais individual ou coletivamente ?
Sempre afirmei que o que diferencia um pro player “top” de um pro player “casual” é a qualidade da marcação. Um jogador top não é aquele que faz todas as jogadas e dribles, mas sim, aquele que sabe tomar a bola e tem duas ou três jogadas de gol bem treinadas e acima de tudo eficientes, são os que mais vencem. E, em cima disso, acontece o improviso que credita o status de craque ao top. Conhecer o adversário facilita, porém tempo de bola, evitar marcar usando balance e sim mirando a bola e com antecipações e manutenção da posse de bola com passes objetivos e precisos, é a melhor forma de defender a meu ponto de vista.
É possível defender bem sem utilização de goleiro manual ? Se não é possível, em que situações este recurso é útil ?
GK manual é um recurso que até hoje não entendo porquê não é mantido na jogabilidade online. É um recurso interessante pra evitar o goleiro de sair insanamente do gol, evita cavadinhas (chip shots), gols de falta por baixo da barreira ou nos cantos, e gols de “chutality” com o L1/LB. Porém contra jogadores calmos e habilidosos, na cara do gol é o momento da tranquilidade e o GK manual não faz tanta diferença nesse caso. É possível vencer sem o recurso.
Alguns jogadores acham desaconselhável usar o quadrado para marcar, alegando que tira o defensor de sua posição original, deixando lacunas na defesa. O que você acha disso ?
Acho um vício prejudicial, defender com o quadrado é muito bom, desde que você se lembre de tirar o dedo do botão quando não precisar usar. Esse recurso chama a aproximação do jogador mais perto da jogada, forçando pressão em quem está com a bola e fazendo a esmo, realmente abre buracos na defesa. Eu acho muito útil contra jogadas pelos lados, onde a linha de fundo e a lateral contam como um jogador a mais na marcação.
Existem práticas desaconselháveis para se montar uma boa tática ? Como utilização de líbero, por exemplo ?
Tudo vai da situação da partida. Líbero é muito bom contra jogadores que esticam bola pelo meio, ou invadem a area driblando pra quem usa defesa baixa. Quem marca alto, dependendo da posição da zaga, a escolha do libero não é nem habilitada pela engine e quem usa líbero fica sujeito também a esticadas de bola pelas laterais. Ou seja, tem hora pra ser usado e não está ali de enfeite.
Dizem que é ideal jogar no chão (sem cruzamentos), pelo fato de um pro player sempre defender facilmente bolas altas, bastando, para isso, acionar o goleiro manual. Verdade ou mito ?
Mito total. O pro player pode falhar porque é humano. E não existe uma forma ideal de jogar, existe enxergar a jogada e fazer o gol que der pra fazer, no momento. Bom é aquele que pensar mais rápido e tiver mais precisão nos comandos.
É importante arriscar chutes de fora da área ? Ou é melhor trabalhar uma jogada pra chegar mais próximo ao gol e aumentar as chances de convertê-lo ?
Como citei, não existe uma forma ideal de jogar.
É possível ser eficiente no ataque apenas mantendo posse de bola, com bom passe e criando as oportunidades ? Ou é essencial também ter uma boa habilidade individual e driblar bem ?
Sou suspeito pra responder essa, pois gosto muito de driblar. Porém, tudo tem hora certa, ideal é manter a posse de bola pois evita o adversário tentar o gol e driblar é essencial pra furar uma marcação mais apertada, onde passes não entram e são facilmente cortados por antecipação ou posicionamento fechado da zaga. Considero mais os players com essa habilidade individual pois realmente não tem fórmula pra driblar e sim, a visão e habilidade natural de cada um.
No PES 2012 há uma polêmica muito grande em relação ao excesso de bugs. Eles são essenciais para vencer ? É possível ser competitivo sem estes recursos ?
O bug é uma falha de programação, e não existe nenhum software sem a possibilidade de um bug (sou formado em sistemas). No caso do PES, os bugs influenciam no placar do jogo e considero bug apenas algo imparável. Muita gente reclama do gol de falta por tempo expirado, onde realmente a Konami marcou feio e não aplicou a lei da reversão. Muita gente reclama do gol do L1/LB. Muita gente reclama do gol de “off the ball” ou do super cancel. Desses, considero bug apenas o super cancel, pois induz o jogador adversário a dar as costas para o lance, mesmo que você não esteja usando o comando de marcação e vai além, induz quem está atrás a fazer o mesmo, se não estiver a uma distancia segura do condutor da bola. Tendo essa explicação de sobre o que considero bug, respondo: bug não é necessário pra vencer. Os outros citados requerem treino, tempo de execução, como o chute do L1/LB, que por todos jogarem de Barcelona, tem o Valdés (goleiro tecnicamente inferior), para defender o comando. Ou no caso do gol de falta, conta-se com a aleatoriedade, e apenas no modo online.
Você já testou a primeira demo do PES 2013 ? Se sim, quais foram suas primeiras impressões ?
Sim, gostei, achei os dribles mais dinâmicos pois não exigem a combinação com o L2/LT em sua maioria. Jogo levemente cadenciado. Mas não passa de uma demo, e estou ancioso para a versão final e mais um ano de jogatina.